sábado, 9 de janeiro de 2016

Estudo sobre as piores CIDADES para se viver - Considerações


Ontem alguns de nós nas redes sociais tivemos oportunidade de ver artigos vagamente escritos de um portal não muito conhecido e que versa vários temas de forma ligeira ou leve (?), a mostrar as 10 melhores cidades para se viver e as 9 piores cidades para se viver, que embora sem grande expressão tem em alguns leitores mais apaixonados suscitado reacções e comentários fortes, nomeadamente quanto as 9 piores CIDADES, onde se inclui num suposto primeiro lugar Câmara de Lobos.


Confesso que o que mais me choca no dito estudo não é a posição, nem as cidades referidas, mas sim a falta de dados que tem como suposta fonte o INE, pois só com esses dados poderemos aferir afinal o que é que se quis fazer para se chegar a esses resultados e claro a abrangência e actualidade desses mesmos dados importantes para que cada um tenha uma opinião bem formada sobre o assunto. Pois assim como estão apresentadas as cidades, sem nela se referir para cada uma as razões para a sua respectiva classificação, permite um sem número de analises e divagações todas elas certamente discutíveis pelo menos e pior, não permite identificar onde é que se deve trabalhar para ultrapassar as carências que determinam este posicionamento no referido ranking.

É um facto que no caso concreto destes estudos, as realidades e os sentires nem sempre são coincidentes quando toca a avaliar, porque nem sempre e logo a primeira se consegue aceitar pela vivência e conhecimento da realidade que temos como certo aquilo que nos é apresentado, isto porque a partida, não é clara a referência espacial (o espaço territorial, físico alvo do estudo, portanto: de onde a onde), aqui definida como CIDADES, a população que é abrangida, com a sua necessária estratificação e a definição clara para cada item de avaliação, quando se fala de ACESSOS a saúde, educação, emprego, cultura e espaços verdes. Porque assim e a primeira vista rapidamente colocamos em causa os estudos, porque a nossa tendência e no que concerne a Câmara de Lobos em particular é difícil separar a dita "cidade", do concelho que também tem este nome, olhando assim de forma mais global  não especifica como parece ser o âmbito do dito estudo que a coloca como a pior cidade para se viver.

Dito isto, importa assim não fazer tábua rasa dos estudos em causa apenas por não estar acessíveis os dados, isto porque embora esteja por se conhecer os itens que os sustentam, ela mesmo assim, mal apresentada, permite se tivermos o cuidado de colocar de lado a nossa reacção inicial e a paixão que ela nos desperta, verificar no caso concreto e especifico da CIDADE de Câmara de Lobos, espaço territorial que julgo pode ser circunscrito de forma muito ligeira para o efeito e apenas demonstrativa do que pretendo explanar, que entre a Nova Cidade e o limite de fronteira com o Funchal, chegando até a Torre, podemos verificar que vivem pelo menos mais de dez mil habitantes e por aqui teremos atendendo a caracterização que é possível fazer da população residente neste espaço da dita "cidade" talvez e tendo em conta que o Concelho tem os piores números de desemprego, justificar de certa forma neste espaço a existência dos números de um mau acesso ao emprego, poderemos tendo em conta a mesma população e o equipamento de saúde existente (Centro de Saúde de C. Lobos), que é velho e obsoleto a explicação para se afirmar que há também um mau acesso a saúde. E que no caso da educação e novamente tendo em conta a mesma população alvo, se poderá também dizer que teremos um número anormal de crianças a pretender frequentar o ensino desta zona que vão para escolas cuja dimensão a partida se poderão considerar pelo menos no limite (?) e onde se recebem alunos de outras paragens, o que poderia ser entendido como um mau acesso a educação. Sinceramente e sendo aqui um pouco advogado do diabo é sempre algo manifestamente questionável.

Quanto a cultura, a abrangência da mesma nesta mesma população, sim é possível de facto assinalar pontos ainda não positivos, como o distanciamento e o fraco acesso, quer pelas características da população, mas também porque não é possível com o que existe outras respostas, isto no meu entender. Por fim no tocante aos acessos a espaços verdes, estaremos aqui a avaliar por metro quadrado (m2) / população, admito sim, mesmo com a existência do Jardim do Ilhéu e do Jardim de São Francisco, que haja algum défice e portanto para o referido estudo, o acesso aos espaços verdes por comparação com outras cidades ser eventualmente inferior. Mas como tenho tentado dizer ao longo deste texto, são dados que apenas posso de forma fria tentar encontrar para tentar perceber como se chegam a estes resultados, não significando por esta razão que estejam certos ou errados.

Para concluir e pelo menos para mim este estudo serve para recentrar novamente a discussão política no que verdadeiramente importa, no que ainda falta fazer para tornar Câmara de Lobos num CONCELHO, que no seu TODO seja bom para viver e trabalhar, porque não é necessário estudos estatísticos para perceber que há ainda muito que fazer para trazer dinâmica a economia local, como forma mais eficaz de combater os números chocantes do desemprego e da emigração no Município. Por outro lado importa trabalhar para resolver de uma vez por todas o problema do Centro de Saúde de Câmara de Lobos, que nunca mais vê as "novas" instalações serem colocadas ao serviço da população, enquanto o existente e obsoleto ainda com enormes carências vai funcionando como pode para responder. No tocante ao acesso ao ensino é importante que se possa novamente apoiar as famílias carenciadas com filhos a frequentar o ensino, com bolsas de estudo, melhorando também o acesso e as condições das escolas, de entre outras questões que certamente haverão para debater para reduzir o abandono e o insucesso escolar que sabemos tem números elevados também no concelho. 

Relativamente a cultura importa reavaliar o que temos e o caminho que se pretende para o futuro, certamente se poderá fazer mais e melhor, bem como o acesso aos espaços verdes e ao mar, que julgo também com alguma boa vontade pode ser também melhorado.

Em suma, a principal conclusão que isto suscita em mim é que há sem sombra de dúvidas um Concelho que pode e tem tudo o que precisa para ser um entre os melhores Concelhos de Portugal para se viver, sendo certo que o futuro só a ele pertence e acredito que esse é certamente o desejo da esmagadora maioria da sua população, um Concelho melhor para todos.


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