Tenho acompanhado nestes últimos dias a mais recente proposta política do Partido Socialista da Madeira, que pretende ensaiar novamente uma “plataforma democrática” que visa juntar em torno de um projecto de cariz político, Partidos e outras organizações da sociedade civil com vista a derrubar o regime jardinista que governa a Madeira a mais de 36 anos.
No Facebook tenho vindo a trocar algumas impressões com alguns socialistas da praça sobre este assunto, sendo que a título pessoal, já referi que não sou “crente” que esta solução tenha algum sucesso. Sendo que desconfio que venha sequer nascer.
Para mim, esta solução teoricamente poderia servir de facto para derrubar este regime instalado, visto que acima de tudo está a nossa Madeira. Acontece que o passado e o presente tem sempre uma palavra a dizer quando pensamos o futuro e aí confesso perco o entusiasmo na ideia.
Primeiro porque o Partido proponente (PS-M), não estará julgo eu credível o quanto baste para liderar este processo. A sociedade Madeirense não acredita neste PS-M e nomeadamente no seu actual líder. É a tal questão do passado que o acompanha e que lhe retira legitimidade para agora numa fase em que o PS-M tem a sua mais fraca influência eleitoral, querer assumir um papel de liderança que se calhar já não terá. Quanto mais que é líder de um partido com os já velhos problemas internos que fragilizam a sua liderança. Se não é capaz de governar a sua casa como pretende governar uma coligação tão abrangente, com tantas diferenças? Não pode!...Isto para não falar das colagens sucessivas ao Governo de Sócrates, que queiram ou não também é importante para aferir a pertinência ou não desta plataforma.
Ao contrário do que pensa o estimado amigo André Escórcio, com quem já trabalhei numa coligação para o Funchal, se houve culpado do que aconteceu em 2007, foi o PS de Jacinto Serrão e mais ninguém. A sua ânsia desmedida para derrubar a tudo o custo o poder laranja nesta terra, utilizando o Governo da República para disciplinar as finanças regionais, foi um grande erro, que até hoje o PS paga e julgo continuará a pagar por mais algum tempo. Não porque não fosse necessário acabar com o regabofe que todos conhecemos, que levou a crise que hoje na Madeira se vive, com mais de 15.000 desempregados, mas porque não utilizou o caminho mais correcto para o fazer. Prepotência e autoritarismo, nunca combaterão outros prepotentes como aqueles que governam esta terra. Jacinto Serrão, ao cometer esse pecado capital, demonstrou não conhecer a história recente da Madeira e deu de bandeja a vitoria estrondosa ao PSD, prejudicando-se e prejudicando os restantes Partidos da Oposição, que tiveram caminhos muito estreitos para evitar os maus resultados obtidos. Repare André, nessa altura ou se era a favor do corte de verbas ou contra, campanha demagógica utilizada por uma máquina que com os meios financeiros que acostuma a ter consegue transformar uma mentira numa verdade.
Em segundo lugar esta ideia perde força, porque grande parte das organizações não políticas da sociedade civil nesta terra ou são controladas pelo PSD ou não tem influência suficiente para serem relevantes neste processo. A par disto as organizações sindicais, como sabemos estão partidarizadas de tal modo, que muitos dos seus dirigentes até são ao mesmo tempo dirigentes partidários, o que lhes retira força, para este desafio.
A minha descrença agudiza-se quando vejo nos jornais líderes de forças partidárias de fraca influência eleitoral, a quererem liderar este processo. E mais! Afirmam estarem abertos a discutir o tema, mas não deixam de fazerem acusações rídiculas, duras e graves, que no meu ponto de vista condicionam desde já qualquer entendimento, com o agora proponente PS-M. Assim deixa de haver condições, quando na prática no inicio de conversa não se tem interlocutores a altura do desafio.
Não sei o que outros Partidos pensam disto, inclusive o meu, que ainda não debateu o assunto, mas acho que dificilmente esta “plataforma” tem pernas para andar.
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PS: Ao contrário do que o Tino refere neste assunto não está em causa o que cada Partido pode ou não ganhar com esta Plataforma, mas sim se este é ou não um projecto com possibilidades de ser aos olhos dos Madeirenses um projecto ganhador, só assim ganham TODOS os seus intervenientes e claro a Madeira. Porque se for um projecto perdedor só servirá para minimizar ou esconder o insucesso eleitoral do PS, que de acto eleitoral para acto eleitoral perde eleitores.
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