"Cortando Fundo": Olhe que não!...

A propósito de uma reflexão feita pela Dra. Maria José Nogueira Pinto em que dizia, no DN- Lisboa de 25/03/2009, o seguinte:

"Penso que as mulheres não estão na política não porque não podem mas porque não querem. Fazer carreira dentro de um partido político não lhes interessa, sentem que é um desperdício de tempo".

A socialista e também bloguista Célia Pessegueiro, num "Post" denominado "Pensamento Revelador", afirmou o seguinte:

"A primeira reacção seria dar aqui uma série de razões pelas quais as Mulheres ainda não participam na política como os homens mas, é preferível explicar algumas razões pelas quais as Mulheres não colaboram com certos políticos e certos partidos:

Há pessoas que por não terem dificuldades não compreendem que os outros as tenham;

Há partidos que por não compreenderem as dificuldades dos cidadãos, não só das mulheres, nunca conseguiram o seu voto. Tudo isto diz muito dos resultados do CDS-PP."

A isto queria dizer a Célia o seguinte: "Olhe que não!..." não é verdade a sua afirmação e muito menos se pode aplicar ao CDS. A sua afirmação é demonstrativa do pouco que pelos vistos conhece dos Partidos e das pessoas que se identificam com determinadas correntes políticas.

Basta para tal por exemplo ver a composição da Direcção Nacional e Regional do CDS e ver o número de mulheres com assento nesses órgãos e ver o lugar de destaque que algumas delas ocupam, isto em primeiro lugar!...

Depois, deixe que lhe diga que a sua percepção da vida política é de facto muito redutora e pobre, visto que o prisma que utiliza para catalogar a participação cívica e política das mulheres nos Partidos prende-se pelos vistos, em função das causas fracturantes que estas possam ou não apoiar, tendo em conta as linhas orientadoras dos Partidos a que pertencem, o que é manifestamente falso ou então é uma visão miserabilista do papel das mulheres na sociedade. Porque se a ver vamos, também a outras mulheres que defendem posições antagónicas, como se viu na questão do aborto e se vê agora na discussão que tem existido sobre os casamentos homossexuais. Tem tudo a ver com a identificação que cada um faz (seja homem ou mulher), com as orientações e matriz política dos Partidos. Por isso a afirmação da Célia, não faz nenhum sentido!...

Por isso, concordo com a Dra. Maria José Nogueira Pinto. A sua afirmação faz de facto todo o sentido, porque na verdade (e aqui acho que elas: "Mulheres em geral", são mais pragmáticas), as mulheres quando envolvem-se na vida política é porque gostam de facto da política e da vida partidária, sendo que grande parte destas, não o fazem porque acham que no meio das suas vidas agitadas (com filhos, lar, carreira profissional e outras ocupações de carácter social), a política dita partidária é muito formatada e até chata. Elas próprias muitas delas consideram os Partidos como "coisa" que deve ficar para os homens (não é a regra geral, mas é o sentimento duma boa porção das mulheres, que numa sociedade como a nossa, ainda acha que isso é para os homens). Situação que aos poucos tem vindo a mudar, mas que vai levar anos a notar-se.

Por isso Célia, veja a vida com horizontes mais largos, ela não tem de ser necessariamente como a sua. As mulheres, em regra geral tem mais ocupações e outras formas de participação cívica e política, que não a partidária.

E mais!... Em democracia cada um (neste caso cada uma), escolhe o que quer fazer e não é por decreto que se vai obrigar as mulheres a participarem cada vez mais na política!...

A questão é mais profunda do que a questão da paridade e das quotas nas listas dos Partidos!...

Imagem: "Madeira Minha Vida..."