terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Desfiliações no CDS/PP?

Fiquei muito espantado ao ler hoje a notícia do Público, que dava conta da saída de destacados militantes do CDS, nomeadamente do deputado José Paulo Carvalho, do João Luís Mota Campos, ex-secretário de Estado adjunto da Justiça (indicado por Paulo Portas nos Governos PSD/CDS), de João Anacoreta Correia e e Vítor Faria entre outros que a seguir seguirão o mesmo caminho, sendo importante referir que estas pessoas foram pessoas muito próximas a liderança de Ribeiro e Castro.

Fiquei surpreendido, por que tal atitude surge logo a seguir a uma eleição directa do Presidente do Partido, que só contou com a "presença" de Paulo Portas, sendo que não apareceu nenhum outro candidato que representa-se outra corrente interna. Sendo que o resultado das "directas", foram clarissimas, elegendo o actual Presidente com uma margem muito expressiva (95%), o que lhe permite enfrentar os próximos desafios eleitorais com maior confiança que lhe é dada pelo conjunto de militantes do CDS.


A argumentação utilizada para a saída do Partido, terá a ver com uma divergência em termos estratégicos, tendo em vista as Eleições Legislativas de 2009, em que acusam Paulo Portas de querer "poder por poder", referindo que no documento de orientação política entregue por Portas a quando da sua candidatura, este deixaria entre aberta a possibilidade de coligação com o Partido Socialista e José Sócrates.


Da leitura que fiz desse documento, não vejo em lado algum nenhuma referência a coligações pré ou pós eleições nem com o PS nem com o PSD, muito pelo contrario, vejo uma intenção muito clara de levar o CDS fazer um caminho próprio, na tentativa de mostrar o que nos diferencia destes dois Partido.


Julgo ser clara a matriz Democrata-cristã, subjacente na estratégia, pelo que não consigo compreender a reacção dos agora dissidentes, alguns dos quais pessoas por quem tenho grande consideração e estima pessoal. É pena!...


Para os mais distraídos vou apenas citar algumas partes do texto apresentado, a ver se alguém me consegue dizer onde estão as referências a coligações, em especial com o PS!... Eu caso essa hipótese fosse de alguma forma posta sobre a mesa, também seria um claro opositor dessa ideia, mas sinceramente acho não ser o caso. Vejam:


«... O CDS ambiciona, nas próximas eleições legislativas, promover uma significativa mudança política em Portugal. Mudança de primeiro-ministro, mudança de governo, mudança de políticas, mudança de agenda, mudança de prioridades, mudança na atitude do poder político e, especialmente, do poder executivo, no seu relacionamento com as instituições e a sociedade...



O nosso adversário, nas eleições, é, portanto, o Governo de José Sócrates. O nosso objectivo, em termos eleitorais, é fazer o CDS crescer e torná-lo num Partido determinante na próxima legislatura. A prioridade do CDS não é fazer alianças com outros Partidos; é manter firme o seu contrato com o eleitorado...



A indiferenciação entre o PS e o PSD é um dos graves problemas do nosso sistema político. Como já se referiu, a crispação entre PS e PSD é, na maioria dos casos, adjectiva e subjectiva, no sentido de que quase nunca incide sobre diferenças substantivas e objectivas de políticas. Este facto – PS e PSD são demasiado semelhantes – é altamente responsável pelo afastamento dos eleitores em relação à política...»


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