terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Estatuto Político Administrativo dos Açores: Os Vencedores e os Perdedores

De facto com o discurso de ontem do Presidente da República, este deixou clara a sua postura não só perante as jogadas políticas existentes entre São Bento e Belém, mas também deixou clara a sua posição sobre as Autonomias e o relacionamento destas para com o Estado ou melhor dizendo a subjugação que certos sectores do Estado ainda teimam em querer para com as Autonomias, e que são representadas claramente pelo Prof. Cavaco Silva.

Para mim e ao contrario do que outros julgam, não esta, nem nunca esteve em causa a qualidade da democracia. Nada de palpável, nada que coloca-se em causa a unidade nacional foi colocada em causa com a promulgação feita ontem contra a vontade do Presidente da República. E ao contrario do que alguns acham, penso que mais do que certos interesses partidários, houve sim de facto pressão de certos sectores centralistas nas mais altas esferas do poder (esses sim!), que tentaram de facto sobreporem aos mais altos interesses do País, visões caducas e de secundarização em mais uma tentativa de subjugação dos Povos Insulares dos Açores e da Madeira, colocando em causa o papel fundamental que hoje as Autonomias tem para o desenvolvimento uniforme de TODO o País.


Os vencedores neste processo foram de facto os Açorianos em primeiro lugar, que viram a sua vontade que através dos Partidos Políticos representados na ALAç, souberam por unanimidade mostrar a uma maioria confortável na AR, como através da sua Autonomia é possível continuar fazer crescer Portugal no Atlântico, num momento único em que as diversas diferenças naturais que os diversos Partidos Políticos tem, foram colocadas de lado, colocando-se a frente os superiores interesses do Povo que os elegeu.


Venceram também todos os Partidos Políticos que na AR, souberam interpretar esta vontade clara dos Açorianos e que colocaram também acima de tudo e de todos esses interesses, que no fim de contas é também o interesse da maioria dos Portugueses, que querem todas as parcelas do seu território crescerem sustentadamente, na óptica de que o crescimento dos territórios insulares também contribuem para o crescimento do restante País.


Perderam não só os centralistas encabeçados pelo Presidente Cavaco Silva, mas também aqueles que fazem o jogo duplo, porque desta vez foram apanhados na sua teia de interesses, tendo em conta que os seus discursos autonomistas, não tiveram reflexos práticos na votação na AR. Refiro-me aos deputados do PSD-M, que com a sua abstenção pretenderam colocar acima de tudo a intenção de não provocarem os centralistas encabeçados como já referi pelo prof. Cavaco Silva, numa tentativa de condicionar sua posição para a futura discussão do Estatuto Político-Administrativo da Madeira, que se prevê seja em breve, tendo em conta que se prevê também esta seja uma proposta unilateral do PSD-M, na ALM e que só conte com um apoio reduzido no Parlamento Nacional. Provando-se com isto que afinal o PSD-M, prefere alianças com centralistas do que com o seu Povo (representado não só pelo seu Partido, mas também pelas restantes forças partidárias com representação parlamentar na ALM), porque isso é o que lhes permite perpetuar-se no poder, como até agora. É contra esta visão da Autonomia que o Presidente da República deveria insurgir-se, mas como poderemos ver num futuro próximo, nada dirá e nada fará. Pois serve ao PSD-M e serve ao Centralismo que os sociais-democratas dizem combater!...


Perdemos também nós Madeirenses, na medida em que os nossos representantes na AR, não estiveram na sua totalidade com este Estatuto, nem com os Açorianos, numa solidariedade fundamental e necessária ao desenvolvimento das Autonomias Regionais, tendo em conta o futuro, o que é uma pena!...



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