quarta-feira, 9 de setembro de 2009

«Bispos reiteram dever de votar "sem trair consciência e valores cristãos"»

Os bispos portugueses reiteraram hoje, em Fátima, a importância de votar nas eleições que se aproximam sem trair a consciência e os valores cristãos, disse à Lusa o porta-voz da instituição, padre Manuel Morujão.

"Foi recordada a nota pastoral sobre o dever de votar, cujo exercício é, simultaneamente, um direito, e de votar em liberdade, não contradizendo os valores da Igreja e da moral cristãs", revelou o sacerdote no final da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). O responsável explicou que o assunto foi "falado brevemente" porque já foi objecto de uma nota pastoral, publicada em Abril, no final da Assembleia Plenária da CEP, remetendo para a mesma a posição da Igreja Católica sobre os dois actos eleitorais que se avizinham.


Na nota pastoral, que abordava também as eleições europeias, os bispos portugueses defendem que os políticos devem formular "programas eleitorais realistas e exequíveis". "Este dever exige dos mesmos responsáveis a obrigação de visar o bem comum e o interesse de todos, como finalidade da acção política, propondo aos eleitores candidatos capazes de realizar a sua missão com competência, cultura e vivência cívica, finalidade e honestidade", lê-se no documento.


A mesma nota, denominada "Direito e dever de votar", sustenta que os candidatos devem estar "sempre mais orientados pelo interesse nacional que pelo partidário ou pessoal". Na reunião de hoje, foi ainda decidida a disponibilização de um serviço diário de recortes de imprensa, que será enviado à CEP e a todas as dioceses. "Sondaram-se várias empresas da especialidade e vai começar, de forma experimental, no próximo mês", declarou Manuel Morujão.


O porta-voz da CEP justificou que esta medida "passa por ver a imagem da Igreja na comunicação social e quais os desafios do mundo para que a Igreja possa ir ao seu encontro e responder melhor". Recusando que esta iniciativa seja uma preocupação da Igreja em relação à sua imagem, Manuel Morujão contrapôs com a necessidade de "saber realisticamente" o que se passa na sociedade. O serviço de "clipping" contempla assuntos relacionados com a Igreja, mas também com o sector social, a educação, a cultura, a sociedade, a vida, a família ou os mais desfavorecidos, acrescentou o responsável.


O sacerdote anunciou também que já está constituído o grupo, presidido pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que tem como missão repensar a acção pastoral da Igreja, no sentido da sua organização e uniformização. "A diversidade deve ser convergente", afirmou a este propósito, explicando que serão definidas as prioridades em que deve assentar a acção pastoral da Igreja. O porta-voz da CEP adiantou que em Novembro, por ocasião de mais uma Assembleia Plenária, deverá ser aprovado um documento sobre o compromisso dos leigos na Igreja e no mundo, a propósito do 75º aniversário da Acção Católica que este ano se assinala.


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