sexta-feira, 11 de setembro de 2009

«Para lá do resultado»

Vou deixar aqui um texto que li a pouco muito interessante que pode ser lido como uma espécie de "rescaldo" do debate de ontem.

«Mais do que saber quem ia "ganhar", se havia “ko técnico” ou “goleada”, interessava-me ver se, no debate entre Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite, as diferenças ideológicas e programáticas entre os dois partidos ficariam ou não evidentes.

E, quanto a isto, o debate foi esclarecedor: apesar das limitações de tempo e do formato, PP conseguiu dar boa ideia delas. Com exemplos concretos no rendimento mínimo, na segurança ou na política fiscal, ficou claro que o CDS tem maior exigência e rigor quanto às prestações sociais, que é mais intransigente quanto à violação da ordem e que é menos igualitarista quanto à distribuição dos encargos.

Não há dúvida de que estamos ainda perante dois partidos muito vinculados ao modelo de Estado Social Europeu. Mas o CDS, nesta versão 2009, começa a mostrar alguns sinais importantes de afastamento desse padrão.

Por isso, pouco me importa quem ganhou o debate do ponto de vista formal (já se sabe que MLF tem manifestas dificuldades em exprimir-se e em argumentar, chegando por vezes a dizer o contrário daquilo que queria, e que Portas é muito mais fluente). Em termos de substância, deu para perceber que, apesar de estarmos perante o PSD mais ideológico de que me recordo, há diferenças entre os dois partidos. E isso permite alargar e melhorar as escolhas políticas: quem, à direita, continua a achar que a social-democracia, ainda que de tendência conservadora, é solução para os problemas do país (e lembro que a social democracia tem governado o país desde os anos 80), tem o PSD de MFL para votar. Quem tem esperança na existência de uma direita menos assistencialista, menos estatista, menos dependente e comprometida com regime, pode e deve votar CDS.»


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