Como eu muitos madeirenses, ao longo de décadas tem “emigrado” para o Continente Português para fazerem o seu curso de arquitectura o um outro curso qualquer, porque na Região muitos cursos não são leccionados, trazendo aos estudantes e as suas famílias custos elevados com alojamento, alimentação e viagens para além dos habituais e normais custos com manuais, materiais de apoio e claro as propinas, para não falar das questões emocionais subjacentes ao distanciamento, que por vezes estas deslocações trazem. Para alguns esta aventura torna-se a certa altura incomportável, originando regressos frustrados em que uns mudam de curso para a UMA, que em grande parte dos casos não serão do seu agrado, mas é aquele curso que é possível fazer. Noutros casos entram directamente no mercado de trabalho, numa área muitas vezes longe do que gostariam de exercer em termos profissionais, tornando o sonho de anos numa ilusão frustrada.Na Região, por outro lado assistimos nos últimos anos, a uma certa decadência na procura dos cursos da UMa em geral e em especial os da antiga Escola de Belas Artes e Design da Madeira (agora integrada na UMa), verificando-se de ano para ano o decréscimo de jovens que procuram estes cursos, que em tempos estiveram muito bem referenciados no meio artístico, e com muita procura. Neste ano quase não houve alunos para frequentar o curso de Belas Artes o que julgo deverá ter posto alguns responsáveis da UMA de cabelos em pé! Numa altura em que o reitor fala de dificuldades financeiras, não só pelos cortes cegos do Estado, mas também pela pouca procura verificada pelos cursos da universidade no geral, que no meu entender deixaram nalguns casos de serem atractivos. De facto nos próximos tempos a criatividade dos responsáveis da Uma, terá que ser mais apurada para fazer face a estas dificuldades ou então será inevitável o fecho de cursos, com as devidas implicações que tal situação obriga (desemprego de professores e quebra de qualidade no ensino entre outras consequências).
É aqui que pergunto-me: não será mais rentável para a Uma, aproveitar recursos humanos e materiais de que dispõe, para por exemplo abrir novos cursos, que com os devidos ajustamentos, poderão de forma intercalada entre os já existentes poderem funcionar, não só pensando na empregabilidade no mercado regional (razão que julgo muitas vezes de forma errada se tem anulado a abertura de muitos outros cursos), quando devem ser pensados para uma empregabilidade mais abrangente, num território que hoje é mais basto e que já ultrapassa as fronteiras de Portugal, portanto temos de pensar no mercado Europeu. Cursos que os madeirenses como cidadãos europeus de pleno direito merecem, que lhes permitam cá ou lá fora, boas perspectivas profissionais.
Eis que voltando a área das Artes e em especifico a Arquitectura, pergunto: porque não abrir um curso de arquitectura intercalado com o curso de Design?, fechando por uns anos este último e abrindo o de Arquitectura nesse período. Aproveitando-se os meios existentes. Sendo que acredito que a procura seria grande.
E porque não com as dificuldades que a instituição tem, explorar outras parcerias como aquela que já existe para o curso de Medicina, e que julgo tem funcionado muito bem ou ensaiar outra como aquela que a Universidade dos Açores e o ISCTE, desenvolvem com o curso preparatório de Arquitectura leccionado em Ponta Delgada e concluído em Lisboa, bons exemplos de sinergias que devem ser modelos a explorar.
Para aqueles que põe em causa a abertura deste curso, podemos contrapor que aos já tradicionais âmbitos de actuação dos arquitectos, estes podem desenvolver um leque mais abrangente, que poderão passar por especializações em ordenamento do território e urbanismo, na arquitectura de interiores, na conservação e restauro do património e na investigação cientifica que muitas vezes é desprezada.
Para a UMa fica o desafio!
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