segunda-feira, 18 de maio de 2009

"Imposição Sexual"

A minha amiga Ana Soares, enviou-me um mail com um link para a a sua crónica habitual no Diário de Trás-os-Montes, que desta vez pela sua pertinência também vou publica-la neste meu blog.

Mais uma vez agradeço a Ana, a sua simpatia de me dar a conhecer estes seus artigos que são excelentes e muito actuais.


Fica aqui o texto:


"A Educação Sexual está, mais uma vez, em discussão na Assembleia da República. Peço desculpa, permitam-me corrigir que, com este hábito cada vez mais português de não chamar “os burros pelos nomes”, quase também o fazia nesta crónica.Recomecemos então.


A Imposição Sexual está, mais uma vez, em discussão na Assembleia da República. Para quem nasceu 11 anos depois do 25 de Abril de 74 como é o meu caso, não posso admitir que a minha liberdade seja “vetada” – ou interrompida seguindo o eufemismo da IVG – num tema tão íntimo como a sexualidade.


Nada de tabus. Educação sexual? Claro que sim! Sendo informativa e não formativa, adequada à idade dos receptores e educando para a saúde, parece-me 100% desejável. Aliás, tão desejável que já existe nas escolas. Mas tabus não é só, nem principalmente, falar de sexo. Tabus – quase que até um dogma – é afirmar que não se aceita que modelos sexuais sejam impostos.


É não se aceitar que o sexo não é, nem pode ser, imposto a ninguém. É falar-se de sexo quase em casa frase e ter medo de falar de afectos. Extremando, é falar-se de “respeito pelo género” – seja lá o que isso for – e segredar-se o respeito pelos valores que cada qual tem. Porque deve poder falar-se com a mesma abertura sobre a vida sexual precocemente iniciada como sobre a escolha celibatária. Ou não?


E não se fuja às questões polémicas: propõe-se a distribuição de contraceptivos não sujeitos a receitas médicas nas escolas. Ou seja, pretende-se substituir a já existente disposição de métodos contraceptivos em qualquer centro de saúde após uma consulta de planeamento familiar, por os distribuir nas escolas. E o que são contraceptivos não sujeitos a receita médica?


Até prova em contrário, estão incluídas as chamadas “pílulas do dia seguinte” e as “pílulas mensais”. Ou seja, não estamos só a falar de uma educação ideologicamente definida – o que viola a Constituição – como se está a colocar em causa uma questão de saúde pública.


Tão simples quanto isto: como medicamentos que são, tanto uma como outra causam efeitos secundários e ambas são rejeitadas por alguns organismos. Não sou contra os contraceptivos: quem os quer usar que os use. Mas não esqueçamos que estamos a falar de adolescentes entre os 14 e os 18 anos. Aliás, se até nos folhetos informativos, aprovados pelo INFARMED, e que acompanham as “pílulas do dia seguinte”, vem referido que são “contraceptivos de emergência”, como se compatibiliza isso com a sua distribuição universalizada?


A Educação Sexual faz certamente falta num mundo em que, cada vez mais, é necessário precaver as Doenças Sexualmente Transmissíveis e onde a consciência da sexualidade seja generalizada. Mas… deixe-se as crianças serem crianças.


Educação Sexual sim, mas uma educação que deixe espaço a cada um para se formar segundo os seus valores e os que são incutidos pelos seus educandos e pelo contexto sócio-cultural.


Da mesma maneira que não pretendo impor a minha visão da sexualidade a ninguém, só peço uma coisa ao Estado Português: que não me imponha também ele qualquer modelo. Porque liberdade e democracia nada comungam com imposições sexuais."


3 comentários:

José Leite disse...

A educação no futuro: não perca o meu novo post sobre a Madeira em 2012!!!

Mas cuidado, use máscara, pois vem aí uma nova pandemia: a gripe asinina!

Luis Melo disse...

Superliga "incompetete-mor: Maria Lurdes no 4º lugar

"Não conheço o suficiente do caso, mas o que me parece é que é um caso extraordinário"Não conhece o suficiente?! Basta ver as notícias. Todos os portugueses conhecem o caso muito bem. Sra. Ministra, caso queira passar a conhecer o caso melhor, veja aqui.

"Também temos de ser capazes de olhar para esta exposição com reserva, procurando relativizar as coisas"Relativizar as coisas?! A Sra. Ministra quer que se deixe passar um caso em que uma professora agride, ameaça, e insulta alunos e pais? Uma professora arrogante, prepotente, mal educada, sem civismo nem sentido de responsabilidade.

"Sinto que tenho responsabilidades, deveres e que me respeita, me interpela e que tenho alguma coisa a fazer para além da rotina de trabalho prevista"Se tivesse a consciência do que é responsabilidade política, já se tinha demitido do governo. Não só por este caso, mas também depois de tudo o que aconteceu nos últimos anos.

Mais 3 pontos para a Ministra na Superliga Incompetente-Mor

Luis Melo disse...

RTP - Rádio e Televisão do PS

Ontem à noite assisti a um programa interessante na RTP. O "Conversas com Mário Soares" trazia como convidados, Santiago Carrillo (ex-Secretário Geral do Partido Comunista Espanhol) e Raul Morodo (membro do PSOE e ex-embaixador de Espanha em Portugal).

Os três falaram na luta dos seus partidos (todos de esquerda) contra os regimes de Franco e Salazar. Falaram muito da intervenção do PS e PC espanhol e português na construção da história europeia. Histórias curiosas que envolveram estas 3 personalidades e outras da mesma área política.

Tudo normal, não fosse o cheiro a campanha eleitoral Socratiana, que este programa emanou e de como pareceu ser "ensaiado". Santiago falou mal de Cunhal e distanciou-se do PCP. Os três falaram bem de Zapatero e Santiago disse até que a esquerda deve apoiar o PS de Zapatero. Insinuando que alguns comunistas devam apoiar Sócrates (numa tentativa de ir buscar votos do PCP para ao PS, nas eleições que se aproximam).

Quiseram passar a ideia de que o PSD, o CDS, o PP Espanhol e outros, não tiveram um papel igualmente fundamental na democratização das sociedades portuguesa e espanhola. Como se não tivessem havido outras figuras (para além de Soares, Gonzalez, Carrillo) que lutaram contra o regime salazarista. Houve, e alguns desses fizeram-no "às claras", pela frente, nos locais devidos, junto ao povo. Sem estarem escondidos ou "exilados" no luxo de Paris.

É uma vergonha, que a RTP coloque um programa destes no ar. Onde está o "famoso" contraditório?