terça-feira, 11 de março de 2008

Será que o PS aguenta?

O primeiro-ministro disse no sábado uma frase que lhe pode custar muito caro: "Não posso recuar naquilo em que acredito e em que estou absolutamente convencido".

A afirmação foi feita numa reunião do PS. Disse ainda que a saída da ministra da Educação não está nem nunca esteve em causa e fez a sua total profissão de fé na política da 5 de Outubro e em quem a conduz.


Com o que disse, colou-se de tal forma à ministra que hoje já não parece possível imaginar cenários com Maria de Lurdes Rodrigues fora da Educação. A cair um, caem os dois.


Que muitos professores e os partidos da oposição não deixarão de atacar a ministra, é óbvio; que, se este não fosse um Governo de maioria absoluta, já vários ministros teriam perdido as respectivas pastas, é uma evidência; que o primeiro-ministro e o Governo estão com Maria de Lurdes Rodrigues, também. A dúvida está em saber até onde aguentará o PS este Governo, até quando o PS, uno e (quase) coeso, continuará a apoiar o actual secretário-geral.


José Sócrates só tem consigo os seus indiscutíveis - ou seja, alguns dos seus ministros. Os barões, que até agora têm estado mais ou menos silenciosos (à excepção de Alegre) irão manter-se eternamente discretos? João Cravinho, Jorge Coelho e Ferro Rodrigues não são, claramente, "yes men" de Sócrates. Soares não morre de amores pelo primeiro-ministro e António Costa e António José Seguro estão fora do Executivo.


O apoio do PS ao Governo parece ter resistido à pressão de 80 mil manifestantes. E se forem 90? E se forem cem mil? Resta a Sócrates descobrir o que Cavaco, enquanto primeiro-ministro, não encontrou: uma forma de combater a crispação crescente da sociedade sem mudar o chefe do Governo.


João Garcia, subdirector do Expresso

Sem comentários: