segunda-feira, 24 de agosto de 2009

«Paulo Portas acusa Sócrates de ser insensível às dificuldades dos portugueses em crise»

O líder do CDS/PP, Paulo Portas, acusou sábado José Sócrates de ser insensível às dificuldades dos portugueses, ao decretar o princípio do fim da crise na véspera de se saber que existe meio milhão de desempregados em Portugal.

“Nunca se tinha visto na nossa democracia um primeiro-ministro tão desconhecedor da realidade, tão insensível às dificuldades e tão inconsciente dos factos da vida como eles realmente são”, disse Paulo Portas em Aveiro, no comício de ‘reentré’ política do CDS/PP.


Para além de considerar que Sócrates “não reconhece os problemas e não percebe as suas consequências”, Paulo Portas questionou, referindo-se ao que chefe do executivo, se já nasceu um primeiro-ministro com responsabilidades no aumento de “todos” os impostos, nos crescentes números do desemprego e falências de empresas, na desmotivação dos professores, empobrecimento do país, entre outros “erros”. “Já nasceu sim senhora, chama-se José Sócrates”, argumentou.


Perante cerca de meio milhar de pessoas, Paulo Portas reservou a primeira parte de um discurso com quase uma hora para criticar o Governo, manifestando-se convicto de que, daqui por 38 dias, a 27 de Setembro, data das eleições legislativas, o executivo de José Sócrates será “passado”. “Faltam 38 dias para os portugueses colocarem José Sócrates e a sua maioria absoluta no passado e para Portugal poder mudar para melhor”, disse Paulo Portas.


Considerou o “valor fundamental da segurança” como aquele que a governação socialista “mais colocou em crise”. “Sócrates não percebe que deixa um país inseguro quanto ao emprego, inseguro quanto ao investimento, inseguro quanto à poupança, inseguro quanto à justiça e a sua impunidade, inseguro quanto à criminalidade”, alegou Paulo Portas.


O líder do CDS/PP, Paulo Portas, defendeu ainda a prioridade ao crescimento da economia e criação de emprego face ao combate ao défice das finanças públicas. “Primeiro a economia, primeiro o emprego, primeiro as empresas. A velocidade de redução do défice será sobretudo a velocidade e a intensidade com que conseguimos colocar a economia portuguesa a crescer”, disse, num comício em Aveiro, o líder do CDS/PP. “Não se trata de um dilema, é uma ordenação de prioridades”, frisou. Justificou que uma economia a crescer gera receita “e essa receita ajuda a equilibrar as finanças dos país”, disse.


Segundo Paulo Portas, quem, ao contrário do CDS/PP, der prioridade ao combate ao défice “inevitavelmente aumentará impostos ou congelará salários”. “É uma receita que eu não aconselho. Não mói o défice mas arrisca-se a matar a economia real”, observou.


Preconizou mais apoios às micro, pequenas e médias empresas, defendendo que as linhas de crédito “não podem ter condições impossíveis”. “E precisamos de uma Caixa Geral de Depósitos completamente orientada para o crédito às micro, pequenas e médias empresas portuguesas. Não queremos uma Caixa Geral de Depósitos orientada para pôr a mão debaixo dos BPN e BPP desta vida à custa do contribuinte e de quem trabalha”, frisou Paulo Portas.


Disse ainda que o país precisa “naturalmente” de uma supervisão “verdadeiramente competente” do sistema financeiro para este ser saudável, condição “essencial” para o funcionamento da economia e “esperanças” das famílias. “Uma das coisas que o primeiro-ministro não compreende é que é muito mais importante ter uma supervisão que detecta as fraudes a tempo e evita as rupturas a tempo, do que proteger um camarada que por acaso esteja na supervisão”, acusou Paulo Portas, referindo-se ao Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.


No discurso, Paulo Portas passou em revista algumas das ‘bandeiras’ eleitorais do CDS/PP, para além da economia e emprego, a autoridade do Estado, a justiça, educação e políticas sociais, entre outras.


Na próxima semana, dia 30, os democratas-cristãos vão apresentar o programa eleitoral, com o apoio às Pequenas e Médias Empresas, a Segurança e a Justiça entre as suas prioridades. Os objectivos do programa eleitoral do CDS-PP, dividido em 16 capítulos, estão disponíveis desde há cerca de dois meses no "site" do partido na Internet para consulta e para receber propostas.


Paulo Portas, desafiou também a Justiça a explicar o que aconteceu no caso da libertação de alegados assaltantes de uma ourivesaria, o ano passado, em Viana do Castelo, devido a um erro processual. Paulo Portas aludiu a situações de impunidade em Portugal, frisando que os portugueses “sentem que o Estado não assume responsabilidades”. Deu o exemplo do assalto violento a uma ourivesaria, em 2008, em Viana do Castelo, que envolveu trocas de tiros com a Polícia e cujos alegados assaltantes acabaram libertados devido a um erro processual. “Quem assume responsabilidade por esse erro processual?”, inquiriu Paulo Portas. E continuou: “Um órgão superior de justiça deveria ter a coragem de dar uma explicação sobre esta matéria”, defendeu. Segundo o líder centrista “quando o Estado é negligente, quando o Estado erra, quando comete manifestos erros, as suas vítimas, os seus prejudicados têm todo o direito de ser indemnizados”.“E os agentes que os cometem tem de ser responsabilizados”, defendeu.


O presidente dos democratas-cristãos deu outro exemplo, o do caso dos seis doentes que cegaram, há cerca de um mês, no Hospital de Santa Maria “por causa de um erro”. “Errar é humano, pode suceder. O que não pode suceder é que um mês e tal depois essas seis pessoas, os doentes daquele hospital e os utentes do Serviço Nacional de Saúde ainda não saibam, porque nenhuma instituição do Estado foi capaz de o dizer, o que é que aconteceu”, criticou Paulo Portas”.


Fonte: Público

Imagem: CDS/PP

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