Dão relevo desmedido a pormenores sem a mínima importância, são capazes de passar a vida inteira a discutir questões de lana caprina, batem-se por objectivos obsoletos, enfim, gente que não interessa a ninguém. Como diria aquele anúncio dos pilhões, "tenho um primo que diz que já viu um, mas toda a gente sabe que não existem."
Andam agora muito excitados porque, segundo estatísticas recentes, em nenhum concelho do país a média dos resultados dos exames de matemática foi além de 3. Mas ó meus amigos, para que é que serve a matemática, não me dirão?
Com tanta maquineta que há para aí, que importa que os miúdos saibam matemática? Pensando bem, que importa que os miúdos saibam o que quer que seja? Porque já com o ensino do português se passa o mesmo aqui d'el-rei que os miúdos não lêem, aqui d'el-rei que são incapazes de distinguir "Os Maias" dos "Morangos com Açúcar".
Como se isso fosse realmente importante. Até porque se fosse, a CE já teria manifestado a sua preocupação, e proposto qualquer medida urgente. Mas, como se sabe, a CE tem mais em que pensar, já que questões efectivamente importantes a atormentam agora como, por exemplo, o magno problema dos galheteiros, esse sim, capaz de pôr em causa o desenvolvimento de Portugal. E, claro, os políticos (...) estão muito mais preocupados em discutir assuntos urgentíssimos para o nosso país como, por exemplo, o casamento entre homossexuais, do que em pensar nessa treta de os nossos jovens não saberem nada de matemática, nem de português, nem de coisíssima nenhuma. Isso são pormenores com que só mesmo os chatos dos intelectuais se preocupam, e se alarmam com as possíveis consequências futuras. Os outros lá andam, cantando e rindo, entretidos com os galheteiros. Um dia acordam - e o azeite está irremediavelmente entornado.
Por Alice Vieira, escritora
( Este texto também me foi enviado pela minha amiga a Dra. Rita Fernandes, mais uma vez obrigado!
Veio mesmo a calhar, tendo em conta o que por vezes vemos escrito pela blogoesfera fora!...)
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