sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A questão do Palácio de São Lourenço

Segundo o "Diário Cidade", o Representante da República na Madeira, Monteiro Diniz, rejeitou ontem as criticas que lhe são dirigidas pelo facto de residir no Palácio de São Lourenço, sustentando que os monumentos do Funchal são “antes de tudo património da portugalidade”.

Para o juiz-conselheiro, “um monumento inserese numa cadeia geracional” sendo “um legado das
gerações que já partiram às que hoje vivem e será transmitido às vindouras. Não pertence às gerações actuais, é algo doado pelo passado ao presente que este deve doar ao futuro”.

Defendeu que “o monumento traduz o esforço de gerações que antecederam o momento actual”, pelo que “não se deverá dizer que um monumento do Funchal pertence ao Funchal”. “Os monumentos do Funchal, a começar pelo Palácio de São Lourenço são antes de tudo património
da portugalidade, porque pertencem a todas as gerações de portugueses que estiveram na sua génese e na origem da sua edificação”, destacou. E conclui: “o que importa é que os madeirenses
tenham orgulho em ser madeirenses, no legado histórico que receberam, séculos e séculos de gerações que antecederam.



Para mim estamos perante uma falsa questão.


O Palácio como edifício, como monumento pertence como o diz o Representante da República a todos os Portugueses e por consequência aos Madeirenses que tem o privilegio de o terem na sua terra. É de facto um símbolo de "portucalidade", pelo simples facto de conter nele parte da história deste Arquipélago, desta região de Portugal.

O que acontece é que há sempre aqueles que aproveitam-se de qualquer coisa para fazer chicana e factos políticos, porque a tal regionalização ou agora a tal pseudo-independência precisa de tomar de "assalto" algo que simbolicamente justifique a "luta". E o Palácio é pelo que representa um bom símbolo para ser tomado.

Mais uma vez acho que em si nada disto muda e nada disto benefícia o edifício que ao longo de gerações foi sempre madeirense. Teremos o mesmo palácio embora com uma tutela diferente que terá de o manter e que lhe terá de dar o destaque que ao longo da sua vida teve, isto se acreditamos que a Autonomia pode de facto evoluir, sem dividir o País e nos manter-mos como até agora como Região Autónoma, pertencendo a um único Estado.

Porém há quem veja a resolução do diferendo autonómico de outra forma, precisam dum símbolo que realce a vítoria dos pseudo autonomistas / Independentistas (em espécial dos federalistas) sobre os centralistas e Lisboa. E isso só aconteceria se o Palácio em questão fosse tutelado pelo "novo" Estado.

A tomada do Palácio reforça e muito a tal autonomia federalista agora defendida por AJJ, se temos em conta que um Estado é dono de Patrimonio, em espécial do Património símbolo da sua auto-determinação, da sua cultura e até se assim se quiser da sua própria lingua!...

O Palácio torna-se vital para justificar o movimento independentista que dará nesse espaço "guarida" ao novo Presidente da Região Autónoma e claro da soberania deste órgão, neste "novo" Estado!!!...

Voltando com seriedade ao assunto, importa acrescentar que o cargo de Representante da República, terá inevitavelmente os dias contados, seja nesta próxima revisão constitucional ou noutra. Acredito que o modelo que venha a ser adoptado, deverá passar por eliminar esta representação do Estado na Região e portanto deixará de ser a residência oficial de quem ocupe o cargo, o que mais uma vez esvazia de conteúdo tal polémica.

Portanto, estamos perante mais uma polémica sem sentido, porque o edifício é o tal simbolo de "Portucalidade" que vai para além do facto de ser a residência oficial do Representante da República, que mais dia menos dia, é um cargo que deverá desaparecer.

A polémica é em si, um absurdo visto que esse simbolismo é efémero, porque dele nada iria mudar, não se instalaria nenhum órgão autonómico, nem passaria a ser residência ofícial de ninguém.

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