quinta-feira, 7 de agosto de 2008

«Crise deixa açorianos em terra»

A subida das taxas de juro no crédito à habitação, o aumento dos preços do bens alimentares, as oscilações em alta dos combustíveis e ainda o agravamento das tarifas aéreas, a par de outros indicadores desfavoráveis, estão a condicionar as férias de muitos açorianos que procuram destinos turísticos fora de portas.
Apesar de teoricamente a crise ainda não ter chegado aos Açores, o certo é que se assiste à contenção financeira com reflexos no dia a dia e férias dos residentes.De acordo com os agentes de viagens, Baleares, Canárias, Madeira e circuitos europeus, bem como os cruzeiros, têm-se vendido relativamente bem, mas nota-se, na generalidade, uma grande contracção nas vendas.Apesar de haverem linhas de crédito para comprar viagens e do cliente habitual não ter perdido o emprego, o certo é que o poder de compra diminuiu estando as pessoas a terem mais cuidados que tinham antes, uma vez que os salários não acompanham o ritmo da inflação.

Nesta altura do ano, plena época de férias, havia muita procura de destinos como o Brasil, Caraíbas, Republica Dominicana e Jamaica , tendo-se registado um decréscimo acentuado de vendas.Mesmo apesar das promoções que oferecem condições mais acessíveis do que no ano transacto e dos pacotes de última hora, as pessoas estão a consumir menos viagens de longo curso.

Um dos agentes de viagens contactado pelo Açoriano Oriental concretiza que antes o cliente chegava às agências de viagens com um destino definido, o que hoje não se passa. Procura-se os destinos mais económicos face à incerteza.

No entanto, as vendas estão a ser superiores aos valores da inflação, embora a margem seja mais reduzida.Outro dos agentes de viagens confirma que as pessoas se estão a retrair, mas não deixam de viajar, só que para destinos mais pertos e, consequentemente, mais económicos.

Os agentes de viagens contactados não tem dúvidas em apontar que a quebra na procura de destinos turísticos na América do Sul é causada em grande parte pelo preço dos bilhetes, esses agravados pela crise dos combustíveis. Por isso, os consumidores estão a procurar preferencialmente os destinos mais perto e as promoções, o que atesta uma alteração de comportamento ditada pela crise com que as pessoas são confrontadas.

Como milhares de pessoas continuam, no entanto, a não abdicar de um período de férias no exterior, mesmo que por mais curto que seja, os agentes de viagens esperam que, de alguma forma, o mês de Agosto, considerado o mais rentável da época alta do turismo mundial,venha a alterar o cenário dos últimos meses.

País opta por ficar em casa

Os açorianos estão a seguir a tendência dos portugueses, na generalidade.

No último caso, a opção tem sido mesmo por fazer férias cá dentro, constituíndo o Algarve, o Norte e o Alentejo os locais mais procurados.

Mas mesmo nestes destinos de eleição dos portugueses registam-se quebras.Se no caso específico dos Açores não existem números para sustentar as quebras, no contexto nacional já é possível ter uma noção da dimensão da crise, que não deverá ser muito diferente na Região, a avaliar pelos testemunhos dos agentes de viagens.

De acordo com a Agência Financeira, que cita a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), a taxa de ocupação global média/quarto foi de 84,4 por cento, em Julho deste ano, o que se traduz numa quebra de 3,5 por cento face ao mesmo mês de 2007 (que contou com 87,4%). Já a taxa de ocupação global média/cama registada, 77,4 por cento, ficou 5,2 por cento abaixo do valor verificado no ano anterior (81,7%).

Por outro lado, 39 por cento dos portugueses em férias vai ficar por casa este ano, segundo uma sondagem publicada pelo Correio da Manhã.

Realizada pela Aximage, a sondagem revela uma diminuição das pessoas que tencionam passar férias fora de casa da ordem dos 14% em relação a Junho de 1999. Verificou-se que apenas 59% dos inquiridos tenciona ir para fora de férias (73% em 1999).

Quanto a despesas, o estudo revela que 36% dos que vão passar férias fora de casa quer gastar menos dinheiro do que em 2007.

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