sábado, 16 de agosto de 2008

GOVERNO VAI FALHAR META DOS 150 MIL EMPREGOS

Os 86 mil ou 133 mil postos de trabalho criados, consoante as comparações, valem pouco quando se sabe que o número de desempregados se manteve inalterado face a 2005, ano em que o Governo tomou posse. Os novos empregos foram absorvidos pelo aumento sustentado da população activa

GOVERNO VAI FALHAR META DOS 150 MIL EMPREGOS


O Governo criou, em termos líquidos, 86 mil postos de trabalho entre o segundo trimestre de 2005 e o mesmo período deste ano, ou seja, pouco mais de metade face aos 150 mil prometidos por José Sócrates durante a campanha eleitoral. O balanço é mais positivo se a comparação for feita com o primeiro trimestre de 2005. "Desde o primeiro trimestre de 2005, o número de empregos criados, empregos líquidos, situa-se nos 133,7 mil empregos", disse ontem o ministro das Finanças, numa conferência de imprensa realizada no final do Conselho de Ministros. Qual é a data mais correcta? A resposta não é simples. O Governo tomou posse a 12 de Março de 2005, o que o autoriza a usar o primeiro trimestre como base para a comparação. Porém, os economistas aconselham que as comparações se façam em termos homólogos, ou seja, confrontando períodos idênticos do ano, neste caso o segundo trimestre. Mas mesmo assumindo o número do Governo - 133,7 mil empregos - vale a pena tentar perceber de onde vêm estes postos de trabalho. E ao contrário do que seria desejável, este novo emprego alimenta-se exclusivamente do alargamento da população activa. Entre o segundo trimestre de 2005 e o mesmo período de 2008, o universo de pessoas disponíveis para trabalhar aumentou em 107 mil. Nestes três anos, o número de pessoas empregadas cresceu 96 mil, sendo o diferencial explicado pelo acréscimo de 10,6 mil desempregados. O mesmo raciocínio pode fazer--se utilizando o primeiro trimestre de 2005 como base comparativa: a população activa aumentou em 131 mil, enquanto o emprego cresceu um pouco mais, 133,7 mil. O diferencial são 2,7 mil novos postos de trabalho - uma gota no oceano de 150 mil novos empregos prometidos pelo Governo. Criação líquida ou bruta?A questão está em saber se a promessa do Executivo era líquida ou bruta, ou seja, se levava ou não em conta o efeito do desemprego. As declarações proferidas há três anos por José Sócrates e pelos seus ministros foram claras a este respeito. "São 150 mil empregos que perdemos em três anos e vamos recuperar em quatro", disse Sócrates a 10 de Janeiro de 2005. Por volta da mesma data, Vieira da Silva, que entretanto assumiu a pasta do Trabalho, afirmava: "Está- -se a falar em recuperar postos de trabalho destruídos nos últimos três anos." Assim, torna-se evidente que o objectivo era reabilitar os 150 mil desempregados que haviam perdido o seu trabalho nos anos anteriores. Ou seja, os 150 mil novos postos de trabalho deveriam reflectir-se não só num aumento do emprego, mas também numa redução, na mesma proporção, do desemprego. Não foi isso que aconteceu porque, pelo caminho, a população activa cresceu, e muito. Quando o Governo assumiu funções, havia 412,6 mil desempregados (e 399,3 mil no segundo trimestre de 2005), pelo que a promessa de José Sócrates correspondia a reduzir o universo de pessoas sem emprego a 263 mil - e não os 409,9 mil anunciados ontem pelo INE. Parece um objectivo impossível, mas as estatísticas oficiais mostram que, entre o segundo trimestre de 1998 e de 2002, o número de desempregados esteve sempre abaixo daquela fasquia. Foi a pensar nisso que o Partido Socialista avançou na altura com aquela meta. "Durante os governos de Guterres foram criados meio milhão de empregos", lembrava, em 2005, Vieira da Silva. Tendo em conta as estimativas nacionais e internacionais relativas ao desemprego, não é crível que o Governo venha a concretizar esta promessa. Não porque não queira, mas porque não pode. A pressão sobre as contas públicas, com o consequente espartilho sobre o investimento e despesa pública, e o arrefecimento da economia no mundo deixam evidente que os 150 mil empregos prometidos, em 2005, ao exército de 400 mil de desempregados não passa, afinal, de uma miragem.


1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Roberto,

conheço pelos menos três empregos criados pelos socialistas!

os empregos dos meninos do farpas. um deles ainda é assessor do PS 500 anos!!!! não sabe é preencher uma declaração de rendimentos e enviá-la ao Tribunal de Contas.