sexta-feira, 12 de setembro de 2008

«Quem tem "amigos" destes...»

Há coisas assim: eu, que até me considero socialista, não pus os pés na Fonte do Bispo para participar na festa da liberdade. Mas não fazia falta nenhuma, como se compreende, e até me poupei ao desprazer de conviver com a presença "solidária" do PND, ou lá o que é, por intermédio de um epifenómeno político local, que está para o PS como o Bexiga está para o PSD, mas com muito menos piada, valha a verdade. Isto não tem nada de pessoal, mas um cidadão, que não é militante comunista apenas por motivos burocráticos, de bandeira da ultra reaccionária "nova democracia" às costas, numa festa partidária organizada pelos socialistas, a quem apregoa solidariedade, se não fosse um deprimente caso psicológico, não passaria de uma anedota. O problema, é que não é anedota nem caso psicológico, mas o resultado de uma encenação premeditada a sangue frio, que visa, não desacreditar o jardinismo, como eles apregoam, mas desacreditar todas as tentativas de construir alternativas ao jardinismo, no quadro da democracia representativa. E o método é desconcertantemente simples: usar um figurante sem super-ego, proveniente do lumpen-proletariado, disponível para protagonizar uma rábula interminável, com a qual se vai passando a ideia de que fazer oposição é fazer palhaçadas, servindo estas, também, para achincalhar, ainda mais, as instituições políticas regionais. As vezes, chego mesmo a pensar se o PND é mesmo um partido político, com pensamento próprio e autonomia estratégica, ou não passará do mais implacável agente laranja, criado de mitado para convencer a populaça de que, aqui na terra, nem em sonhos se pode construir uma alternativa. Chego a perguntarme, eu, que nem acredito nas teorias da conspiração, se, neste caso; não estaremos na presença da consubstanciação de um plano de acção psicológica, daqueles que o nosso eterno presidente manda dizer que é exemplo. E, já agora, não compreendo a hesitação do PS em tornar claro que há "solidariedades" que não são desejadas. Por que razão ainda
ninguém veio a público separar as águas? Mesmo sem o "deputado" Coelho, o PS nunca teria nada a ver com o PND, muito menos com o que esse partido representa. O PS não transporta consigo, nem as mágoas da colonia, nem saudades de bens expropriados. Muito menos aquela nostalgia do antigamente. Então, o que terá de comum com essa direita ultramontana, que se dissimula atrás do "deputado" Coelho, que o impede de a desautorizar? A hesitação em rejeitar a ingerência, e é disso que se trata quando um agente da direita monta arraiais na festa do PS, Longe de ser sinal de hospitalidade ou disponibilidade para o diálogo, ou muito me engano, ou não passa de um sinal de fraqùeza. O PND está para o PS, e é bom que os seus dirigentes tenham
consciência disso, e para os outros partidos da oposição, como aquelas plantas que, ao invés de mergulharem as raízes no solo, buscam os troncos já formados das verdadeiras árvores para se alimentarem delas. O mais provável é que, no final, nem umas nem outras sobrevivam. O PSD, entretanto, continuará em frente, porque nenhum eleitorado, no seu perfeito juízo, alguma vez elegerá, um palhaço para se ocupar do seu destino, por muito que se divirta à custa dele.

Carlos Nogueira Fino

Artigo de Opinião no Tribuna da Madeira



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Devo dizer que este artigo de Opinião do Prof. Carlos Fino é de tirar o chapéu!...


Por cá muitas vezes vínhamos alertando para isto. Ainda bem que aos poucos tudo fica mais claro!!!...




1 comentário:

MMV disse...

Eu não concordo com o que está escrito! Mas depois de segunda-feira explico os meus motivos...