O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, considerou hoje que a intenção do Governo de forçar médicos a trabalhar apenas nos serviços públicos é uma medida que "não tem qualquer possibilidade de ser viável".O Governo quer impor aos médicos dedicação exclusiva ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), sem possibilidade de opção por um regime de trabalho parcial, de acordo com o Correio da Manhã de hoje, que cita uma proposta do Ministério da Saúde para a revisão das carreiras médicas dentro da Função Pública.
"Parece-me muito grave que se obrigue os médicos à exclusividade a um determinado serviço quando há uma carência tão grande de médicos que não estará resolvida entre quatro a cinco anos por mais alunos que entrem nas faculdades de medicina", disse à agência Lusa Pedro Nunes.
No entender do bastonário da Ordem dos Médicos, a medida é um convite "à desarticulação dos serviços". De acordo com Pedro Nunes, esta medida, que considera não ser exequível do ponto de vista financeiro e destrutiva para o SNS, acabaria por fazer com quem os médicos fossem para o privado. "Os médicos acabariam por ir para onde lhes pagam mais", referiu.
Por outro lado, Pedro Nunes diz ter dúvidas quanto à legalidade de uma medida desta natureza. "O médico é um cidadão como outro qualquer e portanto quando acaba as horas de trabalho que contratualizou com um empresa, seja pública ou privada, faz o que bem entender, que pode ser ir para a praia ou ir para um consultório trabalhar", salientou o bastonário. O responsável frisou que esta medida não é do interesse dos portugueses nem dos médicos.
Pedro Nunes disse ainda à Lusa que esta medida é apenas um ponto de um documento posto em discussão. "Neste momento não entendo que valha a pena dedicar a atenção só a isso. Há assuntos mais importantes que a Ordem vai discutir com o Governo", disse.
O Correio da Manhã diz que o texto no qual consta a proposta do Ministério da Saúde foi enviada para os sindicatos com o título "Princípios Enformadores da Revisão" e vai ser objecto de negociação.
A escassez de médicos e o "intuito de definir uma carreira que constitua uma opção de percurso profissional" são as razões dadas pelo governo para avançar com proposta.
Fonte: Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário